são paulo,
já faz alguns anos da minha chegada. apenas duas malas cheias de livros e roupas. a câmera pendurada no ombro e uma mochila de expectativas bem embaladas com medo que pudessem quebrar. fase nova. tem situações que acontecem rápido demais, você não percebe. assim como não percebi os anos que passaram até aqui.
abri espaço para gente nova. mergulhei em experiências que nunca tive, conheci restaurantes, baladas, praças com um pôr-do-sol maravilhoso. desenvolvi gosto pelo diferente e promovi festas. sem dúvidas os meus 23 e 24 anos foram bem comemorados. cada um com sua fase, cada ano com um luan se perdendo em suas próprias descobertas.
nesse tempo, deixei ir quem não queria ficar. quem eu não queria que ficasse e quem fazia mal ao tentar fazer parte. doeu, são paulo. o apego dói mais quando a gente acredita que dá. quando ignoramos os sinais do corpo pedindo por ar fresco ou colocamos sobre o outro a responsabilidade de lamber nossas próprias feridas. dói quando a imagem no espelho é insuficiente e você tem certeza de que daquilo só virá o pior. é terrível se ver em relacionamentos danosos, ver que pode ser sutil e que você teve parte na desestabilização. tem que aceitar isso, refletir e se reestruturar. peça desculpas se assim quiser. aprenda com seus erros e deixa ir.
são paulo, tem experiências que às vezes não são pra gente. tem lugares que não nos fazem bem. tem gente que entra na nossa vida para mostrar o quão incrível a gente é. porém, tem quem sai dela te deixando um vazio doloroso por ter feito você se sentir culpado, por transformarem em problema aquilo que você admirava em si. tem gente e tem gente. e todas elas passam por você por um motivo. às vezes sobra um carinho, às vezes saudade. e outras um peso.
e nessa de sentir saudade, são paulo, com peito pesado ou com a alma leve, a gente vai aprendendo que até a saudade precisa ser recíproca para ser saudável. que equilíbrio é ter amor próprio e que tudo bem quando as coisas acabam com respeito. vai ficando tudo bem. nesse fluxo de idas e vindas, na montanha russa do que acaba e recomeça, enchi de novo minha mochila com algumas expectativas.
mudança aparece sem pedir. tem sinais e podem trazer caos. as minhas vieram com algumas tempestades. tiraram meu chão e me desconectaram de tudo o que eu conhecia de mim. ela me consumiu. pedaço por pedaço. fiz o que eu precisava para tentar me sentir bem. aprendi o poder da autorresponsabilidade em que ninguém é obrigado a abraçar minhas inseguranças. meu caos, minhas dores. porém, veja como um alerta quando alimentam seus demônios. escute seu corpo. aprenda a separar as fases positivas das negativas e não as veja como compensação. se faz mal de propósito, não há respeito. deixa ir. não permaneça em um lugar que não quer o seu bem. todos temos conflitos, mas quem se importa demonstra e fala também. e não há caos que justifique diminuir alguém.
são paulo, estou perdido. se me encontrei nesses anos, foi questão de pouco tempo até me perder de novo e descobrir mais coisas sobre mim. tentando ser constante naquilo que quero bem, vou revendo minha teimosia e desconstruindo meu apego. às vezes tropeço nos pensamentos negativos que apareceram, mas levanto atrás de alguém que quero me tornar. são paulo, o que será que tem planejado para acontecer? e será que algumas delas correspondem às expectativas dentro da mochila?